ANALFABETOS CIENTÍFICOS

         Um gráfico mostra projeções para a concentração de dióxido de carbono na atmosfera e o aumento da temperatura global de acordo com dois diferentes cenários. No pessimista, a temperatura para o período compreendido entre os anos de 2081 e 2100 subiria, em média, 3,7°C. Na previsão otimista, a alteração seria de 1,0°C. Questionados sobre o porquê do gráfico apresentar dois traçados distintos, um para o "cenário pessimista" e outro para o "cenário otimista", apenas 6% dos brasileiros conseguiram responder que se tratavam de estimativas, que poderiam ser influenciadas tanto pelo comportamento humano como da atmosfera.
          O exemplo acima compõe a primeira edição do Indicador de Letramento Científico (ILC), elaborado pelo Instituto Abramundo em parceria com o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa. O estudo, inédito no País, revelou que a população brasileira não domina conceitos e tem dificuldade de aplicar a Ciência em situações cotidianas.
           Para Isaac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a dificuldade de utilizar conhecimentos científicos em situações do mundo real é resultado da baixa qualidade do ensino da disciplina. Para ele, a maior parte dos professores do Ensino Básico não estão devidamente preparados para lecionar e falta infraestrutura nas escolas para desenvolver uma educação científica de qualidade como laboratórios, kit de experiências, bibliotecas, tecnologias digitais e jogos educativos.
           A dificuldade dos brasileiros em ler e interpretar textos é também um agravante. Para ele, também é possível estabelecer relações entre o baixo nível de letramento científico e a falta de domínio da própria língua portuguesa.
                                                   POR THAIS PAIVA. Revista Carta na Escola. Out/2014.

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