ENTENDA A DIFERENÇA ENTRE DOENÇAS HEREDITÁRIAS E GENÉTICAS - 3º ANO/2016
Entenda a diferença entre doenças hereditárias e
genéticas
Nem sempre uma doença genética é herdada dos pais,
o problema no DNA pode ocorrer ao longo da vida
Há quem
pense que doença genética e hereditária é a mesma coisa, mas não
é assim, as diferenças são grandes.
Se
existe uma doença genética é por que houve um distúrbio, um dano,
um erro no material genético, nos genes. E isso pode ter sido causado por
diversos fatores: radiação, infecção, má alimentação, estresse entre outros. O
câncer é genético, porém, apenas 5 a 10% são herdados. De alguma forma, por
alguma razão - que às vezes não sabemos -, o material genético (DNA) sofreu uma
modificação ou danificação e a doença se instalou.
A doença hereditária,
como o nome já diz, é herdada. Uma herança genética que é transmitida entre
gerações e que vai se manifestar em algum momento da vida. Todos conhecemos
famílias com vários membros com diabetes ou obesidade, com hipertensão ou alergia... A doença faz parte da genética
familiar e nesse caso não é doença genética. É hereditária.
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Doença
congênita também não necessariamente é hereditária: o acidente nos genes
aconteceu durante o desenvolvimento do embrião ou durante o parto, como a síndrome de Down. Ocorre um erro no
cromossomo 21 que não foi herdado dos pais. O câncer pode
ser uma doença genética - muito sol sem proteção e "aparece" um
câncer de pele. Mas também pode ser uma doença hereditária - o caso Angelina
Jolie é um exemplom que herdou os genes defeituosos da mãe.
Outro
exemplo de doença hereditária é a hemofilia - a mãe, que carrega os genes
defeituosos, só passa a doença para os filhos homens, e a doença progride
geração a geração, silenciosamente. A lista de doenças genéticas que podem ou
não ser hereditárias é enorme, são milhares de doenças conhecidas e outras
tantas precisam ser identificadas.
Diagnósticos modernos e aconselhamento genético
É função
do médico geneticista saber diagnosticar e diferenciar o que é genético do que
é hereditário. As formas de diagnósticos das doenças hereditárias ou congênitas
sempre dependerão da prática da boa clínica médica: da anamnese cuidadosa, dos
recursos laboratoriais de praxe e da experiência clínica.
No
entanto, desde o sequênciamento completo do DNA, há dez anos, a medicina
genômica trouxe uma evolução impressionante no campo do diagnóstico de doenças
genéticas (e das hereditárias).
Existem
testes que utilizam algumas gotas de sangue ou saliva, ou qualquer amostra de
tecido ou fluido do corpo humano que contenha material genético (DNA). O mais
importante é a precocidade do resultado ? no caso de Angelina Jolie, o teste
realizado nos genes BRAC1 e BRCA2 mostrou que ela teria mais de 80% de chances
de desenvolver o mesmo câncer de mama, ou de ovário, que matou sua mãe, o que a
levou a tomar uma medida preventiva.
A
precocidade do resultado pode anteceder o nascimento. Já existem testes
genéticos que podem ser realizados na nona semana de gravidez com uma amostra
de sangue da mãe, de onde são "pinçados" fragmentos de DNA do feto.
Testes específicos para detectar síndrome de Down, de Patau e de Edwards (as
duas últimas bastante severas) fornecem 99,99% de certeza do diagnóstico, o que
dá aos casais tempo e informação para se preparem para o nascimento e
desenvolvimento da criança com necessidades especiais.
Entre
outras vantagens dos testes genéticos está o fato de não serem invasivos - nada
de biópsia, de coleta de amostra de tecido, para "olhar" no
microscópio. No caso do diagnóstico de doenças fetais, a melhor opção que temos
era o exame de amniocentese, que precisa coletar uma amostra do líquido
amniótico que envolve o bebê, acarretando no máximo 0,5% de risco de
aborto.
Esses
recursos genômicos permitem planejar a gravidez e tomar as medidas preventivas
necessárias para que a doença não se desenvolva - mudando estilo de vida e
hábitos perniciosos e aceleradores do advento da doença geneticamente
diagnosticada.
No
entanto, esses recursos precisam ser orientados por um médico especialista em
genética médica que, na consulta de aconselhamento genético, orientará acerca
dos testes disponíveis e adequados para o caso e interpretará o
resultado.
Costumo
dizer que o resultado de testes de DNA é um "monte de areia", em que
cada grão é um gene a ser compreendido no contexto do sequênciamento. Sem a
competente assistência do especialista em genética, o resultado não tem valia.
Genômica ou não, a medicina sempre dependerá do médico bem preparado,
experiente e dedicado à saúde física e emocional de seus pacientes.
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